Em uma manhã de parque, observava meu pequeno a brincar, as subidas e descidas ao escorregador, a curiosidade em explorar todos os brinquedos e seus olhos, que sorriam com cada experiência, mas que procurava meu olhar a todo tempo.
Há algum tempo, tenho percebido em mim, uma resistência ao brincar. Sou naturalmente lúdica e expressiva. Mas não se trata da expressão que está por fora, mas o movimento interno que se vive. Vinha percebendo uma pressa em encerrar as brincadeiras, uma sempre preocupação com outras coisas (nem sempre importantes).
Fomos ao balanço umas três vezes, eu o balançava, ele saltava e corria para outros brinquedos. Em um determinado momento ele foi até um balanço e falou “Senta mamãe”, olhei para ele “Não filho, mamãe balança você”, “Não, neném balança mamãe”.
Sentei ao balanço e naquele momento meus olhos já estavam cheios de lágrimas, ele me balançou, e não foi só uma vez, foram vários vai e vem. E ali permitindo que a brincadeira chegasse ao meu coração, fui tocada. Senti minha alma refazendo sentimentos, visitando campos esquecidos e ressignificando memórias.
A estrutura adulta, por vezes é pesada. Criamos uma rigidez, uma proteção. Há um distanciamento da realidade que sempre assombra nosso dia a dia. Às vezes estamos no local, na frente de nossos filhos, mas nosso pensamento longe. Somos tentados a não viver o momento presente, e é dentro dele que geralmente está o que mais necessitamos.
As crianças são sensíveis, elas também sentem o nosso coração e não tenho dúvidas que naquela manhã de parque ele sentiu que sua mãe também precisava ser criança.
Priscila Schofer – Missionária Consagrada Arca da Aliança
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