Quais são os dois símbolos mais populares do cristianismo? Uma criança no estábulo, em Belém. E um condenado no patíbulo do Calvário.
Duas realidades onde não rebrilham poder e majestade, onde lemos apenas a força imensa do amor.
Em seu dia-a-dia político, esportivo, social, os homens geralmente admiram e enaltecem os fortes, os mais poderosos e prendados, subestimando os frágeis, anônimos e apagados. Dinheiro e poder comandam o mundo.
Na força imensa do amor humilde, Jesus subverte a sabedoria dos homens, os parâmetros do tempo, as leis da sociedade de consumo, das filosofias terrenas. Em seu Reino, os primeiros serão os últimos, as ovelhas desgarradas recebem atenção especial, e todos os pecadores contritos são perdoados incondicionalmente. Paradoxos que Paulo apóstolo sintetiza com esta frase lapidar: “Quando sou fraco, é então que sou forte” (2Cor 12,10).
Mesmo sabendo da precariedade de nossa argila humana, inconsistente e pecadora, Deus nos deseja santos, virtuosos, fraternais. O paradoxo se planta, todavia: na força que a fraqueza tem, a eficácia do nosso apostolado nasce em grande parte de nossa fraqueza, de nosso lado humano, do próprio pecado embebido e expiado no sangue da redenção. Mistério comovente, sem dúvida.
A força que a fraqueza tem... Jesus escolhe médicos feridos para lidar com almas feridas, conselheiros frágeis para consolar almas atribuladas, sedentas de paz, de infinito. Talvez para escaparmos à tentação do orgulho e não nos auto-entronizarmos num pedestal glorioso, inexpugnável. Não desejando o pecado, Jesus ainda prefere o pecador humilde ao fariseu pedante, rebentando de empáfia, pretensamente santo. Se não carregássemos cicatrizes, como entenderíamos as cicatrizes dos que nos procuram, pedindo um pouco de luz no fundo do túnel?
Se fossemos perfeitos, totalmente adultos, por certo não identificaríamos tão bem nossos irmãos sofredores. Muitos se afastariam, intimidados, julgando-nos distantes, inatingíveis. Os abismos teriam dificuldades reais em dialogar com as estrelas.
Mistério denso nos planos do Pai. Vulnerados e vulneráveis, ficamos mais próximos de nossos irmãos feridos. Algemados também pelas limitações cotidianas, compreendemos melhor os peregrinos de todos os caminhos, adivinhando mais facilmente seus dramas interiores, suas angústias e sofrimentos, o fardo humano que seus ombros levam.
Sendo fracos, somos misteriosamente fortes. Na força de um Coração alanceado, no Calvário, de onde nasceu a Igreja e a redenção se consumou. O Coração de Jesus, nossa alegria, luz e motivação.
INSONDÁVEIS, REALMENTE, OS CAMINHOS DO SENHOR.
A FRAQUEZA ESCONDE ESTRANHA FORÇA
QUE NASCE DA MISERICÓRDIA, DA BONDADE, DO AMOR.
Pe. Roque Schneider, SJ – do livro: NA ESCOLA DO CORAÇÃO DE JESUS E DE MARIA
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