A Trindade - Formação - Comunidade Católica Arca da Aliança
 
 
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A Trindade


A Trindade


Santo Agostinho


 


Esta obra de Agostinho de Hipona é considerada uma das mais importantes obras teológicas da literatura Patrística. Faz parte da Coleção Patrística, da editora Paulus, 1995 –São Paulo, Brasil.


Agostinho nasceu em Tagaste, norte da África, Filho de um funcionário municipal, Patrício, e de Mônica, cristã fervorosa, que a Igreja venera como Santa.


Após uma vida desenfreada e errante se converte à fé católica em 387, onde é batizado. Em 395 foi sagrado bispo de Hipona onde passou a desenvolver uma intensa atividade teológica e pastoral. Lutou contra as heresias da época, maniqueísmo, o donatismo, o arianismo e o pelagianismo. Morreu em Hipona a 28 de agosto de 430.  


Agostinho foi o mais profundo filósofo da era Patrística e um dos maiores gênios teológicos de todos os tempos, influenciando fortemente a Idade Média. Suas reflexões teológicas ressoam ainda hoje. Deseja ansiosamente conhecer o mistério divino para mais o amar, e torná-lo conhecido e amado.


O Tratado da Trindade é uma obra escrita no decorrer dos anos 400 a 416 pelo bispo Agostinho de Hipona, estampa o retrato de homem pertinaz, em suas ações e investigações, mestre fiel à Revelação e a Tradição. O autor manifesta-se de profunda piedade e ardente caridade, fiel à ortodoxia Católica.


Numa época de heresia que significava ameaças aos fiéis despreparados, com ameaças na pureza da fé, vivia-se a transição do paganismo para o cristianismo, e os dogmas sobre a divindade com certa incompreensão perante o mistério da encarnação, próximo ao mistério Trinitário.


Muitos batizados acabavam por percorrer os caminhos da heresia no que se referia ao mistério trinitário, e particularmente da Pessoa de Cristo.


No século II, surgiu a doutrina dos monarquinistas que defendiam a essência de um só Deus sem as diferentes Pessoas. Os dinamistas diziam que Cristo era um simples homem, e representava um dinamismo de Deus. O sabelianismo se rebelou contra as três pessoas, que seriam, apenas denominações diferentes para uma mesma essência divina.


O adocionismo considerava o verbo encarnado como Filho natural de Deus na natureza divina, e Filho adotivo na natureza humana.


O arianismo nega a sua divindade e o considera como Filho adotivo. Com relação ao Espírito Santo, alguns pneumáticos negam sua divindade e pregam a sua inferioridade em relação ao Pai e ao Filho. Diante disso os que defendem a ortodoxia se manifestam em favor da autenticidade da fé com base nas Escrituras e com argumentos da razão.


Agostinho se valeu com certeza da ajuda de outros escritos ortodoxos anteriores ao seu tempo, e aos documentos dos Concílios. Reconhece sua limitação humana diante o mistério da Trindade. A estrutura da obra consta de quinze Livros.


Divididos em duas partes distintas; do livro I ao VII é de cunho mais bíblico –positivo, mais teológico; Os livros VIII ao XV são marcados pelo caráter filosófico –especulativo. O tratado inicia com a carta 174 ao Papa Aurélio como texto inaugural da obra. Depois o autor fundamenta a fé católica no Mistério trinitário, “o Pai, o Filho e o Espírito Santo perfazem uma unidade divina pela inseparável igualdade de uma mesma substância”. As implicâncias do mistério do verbo encarnado com a Trindade não contradizem o fundamento da fé católica, pois as aparentes divergências são explicadas pelas duas naturezas de Cristo e sua união hipostática.


Agostinho inicia o primeiro livro com uma reflexão sobre a unidade e igualdade da Trindade nas Escrituras e procura combater os erros existentes. Investe tempo explicando que a Trindade imanente é a Trindade econômica. Considera que o Pai, o Filho, e o Espírito Santo  são  inseparáveis entre si, como também são inseparáveis em suas operações, não havendo distância ou divisão entre o ser de Deus e o agir de Deus. Não são três deuses, mas um só Deus, embora o Pai tenha gerado o Filho, e assim, o Filho não é o que é o Pai e nem uma das três pessoas é o que é a outra. Assim também a Trindade não nasceu da Virgem Maria, mas somente o Filho; a Trindade não desceu sob a forma de pomba sobre Jesus ao ser batizado por João Batista, mas somente a voz do Pai que foi dirigida ao Filho.


Se bem que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são inseparáveis em si, são também inseparáveis em suas operações.


A Escritura afirma, o Filho é igual ao Pai pela forma de Deus e ao mesmo tempo inferior ao Pai na forma de servo que assumiu pela encarnação (FI 2,7). “Na forma de Deus criou todas as coisas (Jo 1,3); na forma de servo nasceu de uma mulher, sob a lei” (Gl 4,4). Na forma de Deus, Ele e o Pai, são um (Jo 10,30); Na condição de servo, não veio para fazer sua vontade, mas a daquele que o enviou (JO 6,38).


Agostinho prossegue afirmando que o Filho é a Palavra do Pai, o Verbo do Pai que fala aos seres humanos e insiste na geração eterna do Verbo como um dos temas fundamentais no livro “De Trinite”. O Pai tem a vida em si mesmo e gerou um Filho que também tem a vida em si mesmo. Ou Seja, o Filho é igual ao Pai, tudo recebe Dele.


O autor analisa com minúcia cada uma das passagens trinitárias na Escritura, referindo umas ao verbo enquanto homem, e outras ao Verbo enquanto Deus. Ao afirmar assim a igualdade das pessoas da Trindade, tem como finalidade provar que a Escritura nada apresenta que contrarie essa igualdade.         


A invisibilidade e a imutabilidade pertencem à natureza divina. Eis porque Deus só se manifesta através de mediações chamadas de “teofanias”. Estas não são propriedades de uma das pessoas, mas de toda a operação “ad extra” é uma obra indistinta e indivisa da Trindade, isso ainda que uma das pessoas possa estar por vezes manifestada de modo especial. Nas missões do Filho e do Espírito Santo, os enviados não são inferiores ao Pai. 


O segundo livro trata da igualdade da Trindade e as missões específicas do Filho e do Espírito Santo, explicando que por serem enviados, estes não são inferiores ao Pai. É partindo deste pressuposto teológico que Agostinho desenvolverá sua doutrina trinitária. As missões das Pessoas divinas realizam-se no tempo, pois fazem parte da pedagogia divina na economia da salvação. Em relação às Pessoas divinas, a missão é uma indicação de sua origem e as manifestam. O Pai nunca é enviado, o Filho não é enviado senão pelo Pai e o Espírito Santo é enviado tanto pelo Pai como pelo Filho, sendo ele o Espírito do Pai e do Filho.


O segundo livro é recheado de alegorias do Antigo Testamento, como a visão de Abraão dos três anJos no Carvalho de Mambré, a visão do anJo na sarça ardente. Por último ainda tenta explicar a visão profética de Daniel, procurando preservar a invisibilidade da Trindade. 


No terceiro livro ele inicia dando razões pelas quais escreve este tratado sobre a Trindade. Seu zelo pela doutrina o leva a percorrer este caminho tratando de um assunto tão importante, mas de textos tão raros, em latim na época.


Agostinho prossegue neste livro o estudo das “teofanias” divinas. Quando Deus se revela aos patriarcas, Ele o faz através de mediação de alguma criatura, por meio de anjos. Pois a essência de Deus, como não é mutável, conclui-se que não seja de forma visível por si mesma; Agostinho coloca a vontade de Deus como causa primeira e suprema de todas as formas corporais e de todas as mudanças, afirmando que “como as mães ficam grávidas de seus Filhos, assim o cosmo está grávido de causas germinais”.


Entrando com o significado da Eucaristia, resume muito bem o ensino eucarístico de Santo Agostinho. A Eucaristia é um “Sacramentum” que traduz um mistério, tanto quanto sacramento. A Eucaristia é o Corpo e o Sangue de Cristo; feita de elementos visíveis, frutos da terra e do trabalho humano. E finalizando faz um juízo conclusivo sobre as “teofanias” no AT, que segundo o autor, não se dá nenhuma aparição direta de Deus.


No quarto livro inicia dizendo que levam vantagens quem prefere o conhecimento de si mesmo acima das demais ciências. É digna de louvor à alma que tem consciência de sua debilidade do que aquela que buscando outros conhecimentos ignora o caminho da Salvação e da verdadeira segurança. Aqui Agostinho demonstra estar convicto de que a soldagem das ciências terrestres vale bem menos do que a consciência de nossa própria pequenez.


O reconhecimento do amor de Deus por nós e de nossa fraqueza, que nos faz ir até ele. Ele assim pode nos aperfeiçoar e nos fortalecer para que pudéssemos progredir pela sua fortaleza na virtude da caridade que se aperfeiçoa na fraqueza da humildade. Explica-nos aqui, que a missão visível do Filho consiste fundamentalmente em levar-nos à contemplação do amor de Deus. Deus nos atrai para que sua força seja a causa de nosso progresso e para que na fraqueza de nossa humildade, a virtude da caridade seja  aperfeiçoada.


Agostinho diz que foi para nos curar e sarar que o Verbo, pelo qual tudo foi feito, se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Estando nós em condição de pecado, precisávamos ser purificados e Cristo veio nos purificar com  seu sangue, veio curar o nosso orgulho com sua humildade, ou seja, a humildade de Deus. Deus se fez homem, se fez humilde por nós. Sem o verbo Encarnado seria impossível chegarmos a Deus. Porém essa divinização do ser humano só obterá sua plena realização no reino do Céu. Jesus, no entanto, com sua única morte salvou-nos das duas mortes, trazendo a ressurreição da alma e do corpo. Portanto, a única morte e única ressurreição de Cristo serviram de remédio para nossas duas mortes e garantiu-nos as duas ressurreições, ou seja, do corpo e da alma. Este capítulo descreve a missão de Cristo junto a nós.  


Mostra a seguir a importância da nossa unidade ao único mediador, pois é nessa unidade e integração com Ele que consiste a nossa salvação.  Deixa claro que a vontade de Cristo é a união dos cristãos em sua pessoa e nesse sentido Jesus reza “a fim de que todos sejam um como Tu, ó Pai, estas em mim, e eu em Ti” (Jo 17,20-22). É necessário a ação da Graça, do mediador, para conduzir-nos à unidade.


Como por um só homem a morte entrou no mundo, também por um só homem deveria vir a vida a ressurreição para todos. Assim, o Senhor entregou-se por nos à morte que não mereceu, para que não fosse nossa, a ruína que merecemos, e com sua ressurreição, chamou-nos a uma vida nova a nós predestinados, nos justificou; e como justificados, nos predestinou (Rm,8,30). Desse modo o diabo, mediador da morte, perdeu o poder sobre o homem.


Cristo veio ao mundo com a finalidade de despertar a nossa fé pela qual, seríamos purificados para alcançar a contemplação da verdade.


O Filho é o Verbo do Pai, também chamado de Sabedoria. A Sabedoria é enviada de certa maneira para estar com o homem, e de outra maneira para que seja homem.


Nem o Filho é inferior ao Pai por ter sido enviado, nem o Espírito Santo é inferior, pelo fato de o Pai e o Filho o terem enviado.


No quinto livro inicia dizendo que nosso pensamento nunca chegará a compreender Deus tal como Ele é, pois como diz Paulo: Ele é visto apenas em espelho e de uma maneira confusa (1 cor13,12). Agostinho está convencido da inefalibilidade de Deus, mas considera que já é um conhecimento, se antes de sabermos aquilo que ele é, começamos a indagar o que ele não é. Em Deus existe uma só essência, chamada pelos gregos de “ousia”.


Dizemos o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, não dizemos que há três deuses, mas um só Deus na sublime Trindade. Uma essência e Três Pessoas.


Essa Trindade é, portanto, um só Deus único, bom, eterno, onipotente. Temos dificuldade de expressar-nos ao falar da relação mútua entre as Pessoas da Trindade.


Quando se diz que o Pai é princípio e o Filho é princípio, não estamos afirmando dois princípios, pois o Pai e o Filho são, em relação às criaturas, um só princípio, assim como são um só Criador e um só Deus. Também ao Espírito podemos chamar princípio, já que não o separamos do conceito de Criador e está escrito que opera, permanecendo em si, ou seja, não se muda ou se transforma naquilo que faz. Deus é o único princípio com relação às coisas criadas e não há dois ou três princípios. Quando dizemos que o Espírito Santo nos foi dado no tempo não significa que Ele não tenha existido como dom na eternidade. Porém como doação ele é no tempo. Deus desde sempre é Senhor e Pai.


Agostinho inicia o VI livro destacando que para alguns é pouco compreensível as palavras de Paulo: Cristo, poder de Deus (1cor 1,24), pois aí não aparece a igualdade como poder e sabedoria e sim que é gerador de poder e sabedoria.


Tudo o que se diz do Pai em si mesmo se diz do Filho, ou seja, que é seu pai ou genitor ou princípio, tudo o mais que se diz sobre o Pai é comum com o Filho, ou melhor, no Filho. Assim ele é grande pela grandeza que gerou, sábio pela sabedoria que gerou, justo, bom, poderoso. Não se deve entender um sem o outro, ou seja, tudo o que se diz em relação à substância, diz-se ao mesmo tempo de ambos. A partir desse pensamento segue-se que o Pai já não e Deus sem o Filho, nem o Filho é Deus sem o Pai, mas ambos são ao mesmo tempo Deus juntos, conforme diz o Evangelista: “No principio era o verbo e o verbo estava em Deus” (Jo 1,1). Entende-se aqui o verbo como Filho de Deus, pois o Pai não é o verbo, mas ambos são um só Deus. Por isso Cristo rezou pelos seus discípulos dizendo; “para que sejam um, como nós somos um” (Jo17,11). O espírito do ser humano e o Espírito de Deus são de natureza divina, por isso quando o ser humano se une a Deus não se diz que “é um ou que são um”, mas que são com ele um só Espírito. Também o Espírito Santo subsiste na mesma unidade e na mesma igualdade de substância. Se em Deus o amor fosse menor do que  sabedoria, esta não seria amada tanto. Não se pode considerar o Pai e o Filho separadamente


Podemos dizer “um só Deus” ao falarmos da Trindade, mas chamamos de Pai somente o Pai, porque só Ele é o Pai. Quando dizemos que cada uma das três pessoas separadamente são tão grandes quanto juntas não queremos denominar Deus tríplice. Em Deus quando o Filho ou o Espírito Santo, que são iguais, se unem ao Pai, Deus não se torna maior que cada uma das pessoas, pois essa perfeição não lhe é acrescentada, visto que perfeito é cada uma das três Pessoas.


“O Deus único e verdadeiro não é somente o Pai, mas também o Filho e o Espírito Santo”. O próprio Jesus disse: “Que eles te conheçam a ti, Deus único e verdadeiro” (Jo 17,3).


A pergunta inicial no VII livro é se cada uma das Pessoas Divinas é a sabedoria. Se cada uma das Pessoas da Trindade pode por si mesma, e não com outras duas receber a denominação: Deus grande, sábio, onipotente, justo, etc. Ou se essas e outras denominações aplicam-se somente ao se falar da Trindade. Essa questão è levantada a partir do escrito: Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus (1cor 1,24). 


Pai é sábio como aquele que fala pelo Verbo; assim como é sabedoria  como o Verbo. Pois é a mesma coisa: Verbo, poder e sabedoria. O Verbo tem um sentido relativo como Filho e Imagem. O Pai em separado, não é poderoso ou sábio, mas somente com o poder e a sabedoria que gerou; como também não fala sozinho, mas fala pelo verbo e com o Verbo que gerou. Assim o Filho é a essência do Pai como é seu Verbo e sua Imagem. O Pai existe por sua própria natureza e porque gerou a sua essência.


A Sabedoria é sábia e é sábia por si mesma. O Pai não é sábio só pela sabedoria por ele gerada, mas é ele mesmo a própria sabedoria. Por isso se diz que o Filho é a sabedoria do Pai, como também ele é a Luz do Pai, ou seja, luz da luz, sendo ambos uma só luz. São igualmente uma só essência, pois ali o ser é idêntico.


A Sabedoria foi gerada ou criada por Deus. Com a encarnação, Cristo se fez Sabedoria, se tornando criatura humana. O Pai é a própria Sabedoria, Ele a pronuncia para que o verbo exista. Assim o Filho é Sabedoria que do Pai procede, assim como é Luz da Luz, Deus de Deus, tanto o Pai é luz e o Filho é Luz.


Quanto ao Espírito Santo, é a caridade suprema que une as outras duas Pessoas e nos submete a elas (Jo 4,8). Mas sua essência, sendo ele Deus, é Luz, mas juntos não são três luzes, e sim uma só e única Luz como são uma só essência e um só Deus.


Com relação à diversidade em termos gregos para se compreender a Trindade, os gregos falam em uma essência e três substâncias. Os latinos usam os termos uma essência e três pessoas. Para nós latinos essência e substância possuem o mesmo significado. A fé assegura-nos que são três pessoas. O Pai não é o Filho, o Espírito Santo não é o Pai e nem o Filho. Sendo assim, se são três Pessoas o que lhes é comum é a qualidade de pessoa.


Quando na Bíblia se diz: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. (Gn 1,26). Não quer dizer que fariam à imagem de três deuses, mas que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, se tornam imagem de Deus. Ora a Trindade é Deus.


Somente o Filho é imagem de Deus. Assim, nos temos uma semelhança da Trindade que nos serve de modelo: Jesus Cristo.


No VIII livro S.Agostinho trata da igualdade absoluta na Trindade, o conhecimento de Deus pela caridade, na vivência do amor. A única realidade: A própria Trindade.


A igualdade no seio da Trindade é tão perfeita que não somente o Pai não é maior que o Filho quanto a divindade, nem o Pai e o Filho juntos são maior que o Espírito Santo; tampouco qualquer das pessoas em particular  é inferior à própria Trindade.


Na Trindade duas ou três pessoas juntas não são maiores do que uma só delas separada. Assim, o que é grande na Trindade, é Grande pelo fato de existir verdadeiramente. O Pai e o Filho juntos não excedem a verdade do Pai ou do Filho separados.   


Agostinho chama a atenção para a questão da verdade dizendo que qualquer comparação que fazemos não seria o que realmente é Deus. Por isso, na ordem material, pode-se ter alma sincera, mesmo que ela não seja magnânima. Isso porque a essência do corpo e a da alma não é a essência da verdade, como acontece na Trindade. Um Só Deus, único verdadeiro, veraz e verdade. E na ordem espiritual, o que se pensar em termos de mutabilidade não se aplica a Deus.


Portanto, olha bem, e compreende, se Deus é a verdade! (Sb 9,15). Com efeito, está escrito; Deus é luz (1Jo 1,15). Não como luz que estes olhos vêem, mas como aquela que só o coração vê, quando escuta dizer: é verdade. O autor continua a desenvolver o conteúdo sobre a Trindade na perspectiva da fé e do amor presentes na alma. E se pergunta: Mas quem ama o que desconhece? Somente o Filho é a Imagem perfeita do Pai, nós, porém, não seremos semelhantes ao Filho. Mas teremos uma certa semelhança á Trindade que nos serve de modelo.


No IX livro S. Agostinho trata de aspectos relacionados à Igualdade absoluta na Trindade; Intelecção de Deus; O conhecimento de Deus pela caridade e sobre os vestígios da Trindade na vivência do amor: A Igualdade no seio da Trindade é tão perfeita que não somente o Pai não é maior que o Filho no tocante à divindade; nem o Pai e o Filho juntos são uma realidade maior que o Espírito Santo. Afirma, pois, que na Trindade duas ou três pessoas juntas não são maiores do que uma só delas separadamente. Assim, o que é grande na Trindade, é grande pelo fato de existir verdadeiramente. Ora o Pai e o Filho juntos não excedem a verdade do Pai ou do Filho separados.


Agostinho chama atenção para a questão da Verdade dizendo que qualquer comparação que fazemos não seria o que realmente é Deus. Por isso, na ordem material, pode-se ter uma alma sincera, mesmo que ela não seja magnânima.


Isso porque a essência do corpo e a da alma não é a essência da verdade, como acontece na Trindade, um só Deus único, verdadeiro, veraz e verdade. E na ordem espiritual, o que se pensarem termos de mutabilidade não se aplica Deus. Portanto, afirma, olha bem, e compreende, se Deus é a verdade.


O autor continua a desenvolver o conteúdo sobre a Trindade na perspectiva da fé e do amor presente na alma. E se pergunta: mas quem ama o que se desconhece?


A partir desta consideração, o autor afirma que, assim como são duas as realidades: a  mente e seu amor, quando a mente se ama a si mesma, também são duas: a mente e seu conhecimento, quando ela se conhece a si mesma. Portanto, a mente o seu amor e o seu conhecimento formam três realidades. Essas três coisas, porém, são uma única unidade. E quando perfeitas, são também iguais. Entretanto, a mente, com o amor com que se ama, pode amar outras realidades fora de si. Mas aí estão como a própria mente, a título de substância. Assim, a mente que ama e que conhece é substância, seu conhecimento é substância; seu amor é substância.


Mas quando a mente se conhece e se ama, aquelas três realidades; a mente, o conhecimento e o amor permanecem uma trindade e não se dá nenhuma mistura ou confusão. Finalmente, realiza-se de fato certa imagem da Trindade: a própria mente; seu conhecimento, que é a sua prole e verbo gerado dela mesma; e um terceiro elemento, o amor. Isto de certa forma se aplica ao falar da Trindade, pois, só podemos falar da Trindade a partir da humanidade em Cristo Jesus.


Quando a Igualdade do verbo gerado e a mente, diz que a alma tem em si alguma semelhança com a idéia que ela concebe. Assim, tanto quanto conhecemos a Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele. Porém, como  semelhança  é equivalente a igualdade, não o conhecemos o quanto ele se conhece a si mesmo.


No X livro desta obra ressalta a demonstração da existência, na mente do homem, de outra Trindade, mais evidente: memória, inteligência e vontade. Com isso, Santo Agostinho investiga estes termos considerando que a mesma coisa acontece quando alguém percebe um sinal desconhecido, como som de uma palavra cujo significado ignora. Ele desejará saber o que aquilo, isto é, aquele som convencionado para designar tal coisa.


Portanto, quanto mais se conhece um sinal, sem nunca o conhecer perfeitamente, mais o Espírito deseja saber o que ainda falta conhecer. Creio ter persuadido aos que procuram com diligência a verdade, que não acontece de outro modo, ou seja, que não se ama o que é absolutamente desconhecido.


Nessa hipótese, ama aquilo e busca isto, ou seja, ama o que lhe é conhecido e busca o ignorado, isto é sua alma. Por isso, ao se buscar para se conhecer já se conhece procurando-se pra se conhecer. Pois, a alma vê algumas coisas intrinsecamente belas numa natureza superior, que é Deus. E quando deveria estar permanecendo no gozo desse Bem, ao querer atribuí-lo a si mesma não quer fazer-se semelhante a deus, com o auxílio de Deus, mas ser o que ela é por si própria, afastando-se dele e resvalando. Portanto, incorre em erro a alma quando se identifica tanto a isto, levada por tal amor, que vem a considerar-se da mesma natureza. Assim de certo modo assimila-se a elas, não pela existência real, mas pelo pensamento. Deixando de lado, os demais atos de que a alma está certa de lhe pertencer como, propriedade, trata agora das três faculdades: a memória, a inteligência e a vontade. Essas três faculdades, como não são três vidas, mas uma vida, e nem são três almas, mas uma alma, conseqüentemente, não são três substâncias, mas uma só. Eis porque são três coisas, pelo fato de serem uma só vida, uma só alma e uma só essência, formam uma só realidade. Desta maneira, Agostinho apresenta uma noção, ou melhor, a relação existente na Trindade. Concluindo: quando todas e cada uma das faculdades se contém reciprocamente existe igualdade entre cada uma e cada uma das outras, e cada uma com todas juntas em sua totalidade. E as três formam uma só unidade; uma só vida, uma só alma e uma só substância.


Agostinho, no XI livro, trata mais especificamente da imagem da Trindade no homem exterior: nas realidades exteriores: o objetivo visível; a sua imagem, a aplicação da vontade, primeiramente e em seguida desenvolve as questões interiores; nas realidades interiores; as imagens retidas na memória; a visão pelo pensamento; a vontade unitiva.


Já no início diz que assim como o homem interior é dotado de Inteligência, o homem exterior é dotado de sentidos corporais e se propõe investigar, se for possível no homem exterior algum vestígio da Trindade. Não que seja ele imagem de Deus ao mesmo título do que o homem interior. Mostra-nos isso, claramente, o texto onde o apóstolo declara a renovação do homem interior no conhecimento de Deus, conforme a imagem daquele que o criou (CI 3,10). E ainda em outro lugar onde ele diz: embora em nós, o homem exterior caminhamos para a sua ruína, o homem interior se renova de dia a dia (2Cor 4,16 ).


Uma segunda trilogia que apresenta é: memória, visão interior e vontade. Esta segunda trindade não é imagem de Deus: ela é produzida na Alma mediante os sentidos do corpo, criatura inferior, ou seja, criatura corpórea, da qual a alma é superior. Mas, essa trindade não tem dessemelhança absoluta de Deus. Com efeito, o que existe, segundo seu gênero e medida, que não possui alguma semelhança com Deus, ele que fez boas todas as coisas (Eclo 39,21). Só a alma é a expressão de Deus, pois natureza alguma se interpõe ente ela e ele. O autor adverte que deve-se investigar mais essa mesma Trindade no homem interior e ir para dentro desse homem animal e carnal, que se denomina exterior. Isso para ver se encontramos nele a imagem de Deus como reflexo da Trindade, ajudando-nos em nossos esforços aquele que a criação e a própria Escritura atestam que dispôs tudo em número, medida e peso (Sb 11,21 ).


No livro XII, considera de modo especial os temas: a imagem de Deus, a deturpação desta imagem pelo pecado e a distinção entre ciência e sabedoria. Procura agora descobrir na natureza humana, mais especificamente na estruturada alm espiritual, a imagem que reflete. A idéia do Deus Trindade. Primeiro fará a exposição do ser humano exterior e o interior, sendo que neste último, distinguirá a dupla função da razão; a ação e a contemplação.


Segundo o autor, o ser humano exterior, subordinado à vida espiritual, se encontrará intimamente ligado ao ser humano interior. Trata-se de um só e mesmo espírito, destaca a dupla função da razão, e distingue a diversidade de operações. A razão inferior diz respeito daquela que olha as realidades temporais, corporais e sensíveis. Já a razão superior capta das verdades eternas, sendo que é dela que vem à alma espiritual toda a sua luz. É esta última que dirige a ação, sendo que a alma relacionando-se com objetos temporais servindo-se deles para por eles subir até Deus. Nem toda semelhança trinitária é a imagem de Deus, sendo que o que caracteriza a Trindade divina é a igualdade e a unidade. Em busca ambicionada do lugar demarcado da imagem de Deus em nós, Agostinho encontrará na região superior da alma (razão superior). Ela é vista como aquela que se aplica à contemplação das verdades eternas, sendo somente ela a construir a “imago Dei”. A função contemplativa é que mais assimila e reflete Deus na alma. Depois Agostinho trata da trindade humana, pai, mãe e Filho. E a idéia do Deus Trindade. Primeiramente fará a exposição do ser exterior e o interior, sendo que neste último, distinguirá a dupla função da razão: a ação e a contemplação.


Segundo o autor, o ser humano exterior, subordinado a vida espiritual, se encontrará intimamente ligado ao ser humano interior. Embora insista que se trata de um só e mesmo espírito, destaca a dupla função da razão, distinguindo a diversidade de operações.


A razão inferior diz respeito àquela que olha as realidades temporais, corporais e sensíveis. Já a razão superior capta as verdades eternas, sendo que é dela que vem a alma espiritual toda a sua Luz. É esta última que dirige a ação, sendo que a alma relacionando-se com objetos temporais servindo-se deles para por eles subir até Deus. Nem toda semelhança trinitária é a imagem de Deus, sendo que o que caracteriza a Trindade divina é a igualdade e a unidade. A seguir trata da trindade humana, pai, mãe e Filho. Interessante é a comparação que faz do Espírito Santo coma função de mãe. Agostinho aponta condições para a validade da “imago Dei” que procura. Argumenta que a nossa natureza humana foi criada à imagem da Trindade com um todo, indistintamente de sexo. Afirma neste sentido, que foi o ser humano feito à imagem de Deus e não a família e afirma também que a mulher possui natureza idêntica ao homem, sendo conjuntamente a ele imagem de Deus, como podemos ver expressamente; “a natureza humana, enquanto tal, e que se compõe de dois sexos é a imagem de Deus, como podemos ver expressamente: “a natureza humana, enquanto tal, e que se compõe de dois sexos é a imagem de Deus. Nele, a mulher não está excluída de ser a imagem de Deus. Para Agostinho, embora o corpo apresente vestígios de semelhança com a Trindade, a “imago Dei” consiste na alma, mais precisamente na mente. Ele descreve também como a alma vai gradualmente perdendo a imagem de Deus pelo pecado, deixando-se assim levar imoderadamente pela atração das coisas exteriores e carnais. Porém o pecado não pode destruir ou corromper completamente a “imago Dei”, sendo que ela faz parte da essência humana. Deus, através de seu Filho, a imagem consubstancial e perfeita do Pai, redimiu o ser humano do pecado e lhe revelou seu  verdadeiro ser e o destino último  de sua vida. O autor procura distinguir entre sabedoria e ciência, sendo que esta deve em tudo se relacionar à caridade, ao amor das realidades eternas e Deus como fim supremo. Considera que a sabedoria está ordenada para a contemplação e a ciência para a ação.


Agostinho demonstra ansiar pela contemplação das realidades divinas. Ele compreendia que a “imago Dei” na criatura humana encontra-se na razão superior, sede da “sabedoria”. A ciência que ajuda a compreendê-la traz também uma semelhança trinitária. Porém nem toda semelhança trinitária, porém nem toda semelhança trinitária é por esse fato, a “imago Dei”.


No XIII livro, Agostinho destaca aspectos sobre a sabedoria e a ciência, a fé dos cristãos, a felicidade. A respeito da sabedoria, diz: quanto mais alguém progredir na vida contemplativa, mais sábio se tornará, pois a fé é imprescindível par se crer no que não se vê, diferentemente das pessoas afastadas da luz e incapazes de contemplar. Quanto à fé diz que é uma realidade do coração, é interior a nós e só a vemos em nós mesmos e se torna mais firme quanto mais se percebem os frutos que costumam produzir mediante a caridade.


A fé é tesouro interior e dom íntimo da graça. “É a primogênita do coração, força  secreta de Deus, abrindo aos homens os olhos interiores para que se possa dizer: eu creio. A fé não está no corpo que se inclina, mas na alma que crê. Ela é uma e comum a todos, mas com diferença de graus de cada um”. Existem desejos comums a todos os homens e que estão também presentes em todos e um deles é a felicidade. É feliz aquele que possui tudo o que quer e nada quer que seja mal. A felicidade é constituída de dois elementos: querer o bem e possuir o que se quer. Aí estão as duas condições para uma vida  feliz possuir todo o bem desejado e também ser, na verdade, algo de muito justo.


A fé é imprescindível nesta vida. Todo o bem vem de Deus para o homem e o aproxima de seu Deus e o fará chegar à vida bem-aventurada. Poucos homens, por meio do mal transitório, encaminha-se com fortaleza para os bens eternos, felizes pela esperança.


Mas quem é feliz pela esperança ainda não é feliz, pois espera com paciência uma felicidade que ainda não possui e só o será quando se tornar imortal, pois sem imortalidade não existe felicidade. Foi o criador, sumamente bom e imutavelmente feliz, que inseriu esse desejo no coração do homem. A fé é que nos leva a felicidade. Apenas por Cristo ressuscitado, ela nos é dada. Se houver fé naqueles que foram batizados não há nenhuma dificuldade em receber a felicidade eterna. Jesus se fez verbo se fez carne, veio participar da nossa mortalidade para que nós homens, nos tornássemos Filhos de Deus, pela graça e habitássemos Nele. O Filho de Deus carregou sobre si nossos males, pecados, sem que tenha cometido mal algum. Quando Cristo foi morto, nos justificou pelo seu sangue derramado e foi pelo Pai glorificado, pela sua ressurreição deu a todos os homens Dons para que tivéssemos como chegar a eternidade felizes em sua graça.


O Pai com o Filho e o Espírito Santo que procede de ambos, já nos amava, mesmo antes que o Filho tivesse morrido por nós, mesmo antes da criação do mundo. As três Pessoas divinas são inseparáveis em sua natureza e naquilo que fazem. Pela  Redenção de Cristo temos a  remissão dos pecados e o sangue de Cristo foi dado como resgate. A morte de Cristo, não diminuiu sua divindade, todos os benefícios foram concedidos  aos homens e fomos por seu sangue justificados, no sentido de libertados de todos os pecados.


Só Deus poderia ser o autor dessa ação. Agostinho exalta a lição de humildade, menos na vida e paixão do Salvador, do que no fato primordial da encarnação.O Verbo feito carne, que é Cristo Jesus, tem os tesouros da sabedoria, atribuídos à ciência e da ciência atribuídos a sabedoria. Nossa ciência é Cristo e nossa  sabedoria, é igualmente Cristo. É Ele que introduz em nós a fé nas realidades temporais e também na verdade das realidades eternas.  No cristão, o perfeito conhecimento do eu é divino em Cristo, aperfeiçoa nele o conhecimento de sua humanidade. Só é ciência o que no universo “possa gerar, nutrir, defender, e fazer frutificar a fé”. Esta por sua vez, esclarece e aperfeiçoa a ciência, a qual também dirige e inspira as virtudes morais.


No livro XIV, Agostinho trata da sabedoria do homem, mas da verdadeira sabedoria, a que segundo Deus – “culto de Deus”. Deus é a suma sabedoria, e o culto prestado a Deus é a sabedoria do homem. A sabedoria do homem para ser verdadeira deve ser participação da sabedoria de Deus.


Agostinho atribui à ciência somente aqueles conhecimentos que geram, nutrem, defendem e fortalecem a fé soberanamente salutar, a qual conduz o homem à verdadeira felicidade. A sabedoria, porém, vai além da fé comum, ainda que se apóie nela, assim como na caridade. Ao longo da vida, Agostinho insiste muito na necessidade da cultura da fé. A ciência é necessária à sabedoria, por ser o caminho normal para abraçarmos a contemplação das verdades eternas. Pela ciência vamos à sabedoria. Ele nos lembra que a Trindade da fé é constituída pela “posse, contemplação e amor”, que é temporal. Ele não adota essa trindade porque ela é destinada a desaparecer na visão do céu. Essa fé é transitória. Deseja ele, chegar a trindade da sabedoria na alma, a qual é a verdadeira imagem de Deus. A imagem de Deus há de se assentar somente nas coisas eternas. A imagem de Deus que Agostinho procura, para que seja perfeita, deve ser imortal, durar até a vida eterna e subsistirá, enriquecida de um brilho todo celeste.


Quando o ser humano puder pensar sobre a natureza de sua alma e encontrar a verdade, não a encontrara em outro lugar, a não ser em si mesmo. Encontrará, porém não o que ignorava, mas aquilo em que não pensava. Pertence a natureza mesma da alma o se conhecer. Ela não existe primeira mente para depois se conhecer. Ela sempre possui um saber íntimo de si mesma, ainda que nem sempre ela saiba que se conhece e se engane sobre si. A criança ainda não fala nem pensa e, contudo sua alma já se conhece.


Agostinho fixa-se mais sobre o “enigma” da alma e se pergunta “com pode a alma não estar sempre em ato de ver, isto é, de se pensar, como se a própria mente e o olhar que ela tem em si não fossem a mesma coisa”. O homem é o único capaz de refletir-se . É o conhecimento da alma pela alma. “Só o espírito pode voltar-se sobre si”.


Na alma descobriremos a divina imagem. É imagem de Deus, porque precisamente é capaz de Deus, e pode ser participe dele. E não poderia alcançar tão grande bem, se não fosse ela a sua imagem.  A alma se recorda de si mesma, se entende e se ama. Intuindo isto, intuímos desde já uma trindade, que, todavia não é Deus, mas sim aquela imagem de Deus. Memória, visão e amor. Para atingir a Deus, é necessário primeiramente passar pelo próprio coração. Diz Agostinho que se o homem não se conhece a si mesmo, não saberia conhecer aquele que o fez. Que o homem procure olhar a imagem que tem imprimido em seu interior, a fim de conhecer aquele de quem é a imagem. 


Ninguém ama alguém de quem não se recorde, ou a quem ignore totalmente (Dt 6,5). Quem sabe amar a si mesmo, ama a Deus. Quando a alma ama a Deus, como dissemos, conseqüentemente dele se lembra, conhece-o e com razão lhe é ordenado a respeito de seu próximo que o ame como a si mesmo. E a presença da imagem de Deus na alma é tão poderosa que a torna capaz de aderir àquele de quem é a imagem. Quando, porém, pelo pecado a imagem de Deus é desfeita no homem, o autor considera que ela só é restaurada por quem a formou, pois ela não pode restaurar-se a si mesma.


Em relação àquela imagem proclamada nos Gn 1,25 “façamos o homem à nossa imagem e semelhança”, como não está escrito “a minha” ou “à tua”, cremos que o homem foi criado a semelhança da Trindade. Quanto à imagem que se renova dia a dia no espírito da mente pelo conhecimento de Deus, não no exterior, mas no interior, alcançará a perfeição pela visão, a qual, depôs do juízo, será face a face, enquanto agora é espelho e de maneira confusa. A verdadeira sabedoria está na contemplação das verdades eternas – os filósofos a pressentiram, mas só Deus concede!


O XV e último livro é dividido em partes onde o autor faz um breve resumo dos livros anteriores. Introduz dizendo: se procurarmos o que possa existir de superior à natureza racional, e se investigarmos a verdade, encontraremos que essa verdade é Deus, ou seja, não uma natureza criada, mas criadora. Demonstra a Trindade, apoiado nas escrituras e em Argumentos da razão. Todo aquele que procura tão inestimável bem, sabe, que se deve procurar é para encontrar e que se encontrar é para procurar com mais ardor. A fé busca, o entendimento encontra. O entendimento prossegue buscando aquele que a fé encontrou. É para isso que o homem deve ser inteligente: para buscar Deus.


Na primeira parte considera que é preciso buscar a Trindade que é Deus, nas realidades eternas, incorpóreas e imutáveis, cuja perfeita contemplação será a vida bem-aventurada que é eterna e nos é prometida. Só chegaremos à vida suprema, à inteligência divina e a felicidade sem fim, pela nossa vida atual, inteligência e felicidade, participando da vida de Deus.


Devemos confessar que Deus é a própria vida em plenitude, que tudo percebe e entende; que não pode morrer, corromper-se ou mudar-se; que não é dotado de corpo, mas é espírito, sumamente poderoso, justo belo, ótimo e o mais feliz entre todos os espíritos. A vida que se atribui a Deus, nada mais é que sua natureza ou essência. Deus vive pela vida eu é ele mesmo. A vida que é própria de Deus percebe e entende todas as coisas e percebe pela mente, porque é espírito (Jo 4,24). Em Deus é uma só realidade o sentir e o entender. Nele não existirá fim, como não houve princípio, pois é imortal. É o único a possuir a imortalidade. Deus é eterno, imortal, incorruptível, imutável, é a própria sabedoria.


O autor fala das muitas perfeições (Deus eterno, sábio, feliz) e ainda mais podemos reduzir a uma só (Deus sabedoria). Assim, a Trindade, Deus Pai, Filho e Espírito Santo, os três juntos são uma só sabedoria, com são um só Deus, uma Única essência. Essas três realidades estão no homem, enobrecem o homem, mas não são o homem. Cada homem é denominado a imagem de Deus, na devido a toda a sua natureza, mas apenas quanto a mente. Quanto a Trindade, da qual a mente é imagem, ela é Deus e toda ela é Trindade. Nada pertence à natureza de Deus que não pertença ao mesmo tempo à Trindade, e as três Pessoas Divinas são de uma única essência.


Quem será capaz de compreender essa sabedoria pela qual Deus conhece tudo, de modo que, passado, futuro e o presente, tudo para ele é presente, tudo, lhe está presente, abrangente tudo o que conhece com uma única, eterna, imutável, e inefável visão?


A sabedoria é uma substância incorpórea e uma luz eu permite que se veja tudo o que os nossos olhos carnais não conseguem ver. No entanto, de acordo com (1cor 13,12), pela imagem que somos nós, veremos de algum modo, como espelho aquele que nos  criou e Quando Paulo diz que somos transfigurados de uma aparência resplandecente (2cor3,18)


Embora seja obscura, é uma imagem de Deus E se é imagem é também sua glória. Pela ação de Espírito do Senhor, a graça de Deus nos é infundida como um dom de transformação, o qual constitui um dom muito desejável. Na segunda parte o autor fala das coisas conhecidas, sobre as pessoas e temos lembrança, como da ciência contemplativa, chamada propriamente sabedoria, como da ciência ativa, que denomina simplesmente ciência. Sabedoria e Ciência dizem respeito a uma só alma e são uma única imagem de Deus. Mas quando se trata da ciência separadamente, esta não é denominada imagem de Deus, embora encontre aí alguma semelhança da Trindade.


O autor fala também de uma fina semelhança entre o nosso verbo e o verbo divino. A palavra que soa no exterior é um sinal da palavra que resplandece em nosso interior. A qual convém, mais adequadamente, o termo do verbo, devido ao que foi assumido para se exteriorizar. Assim, nossa palavra torna-se, de certo modo, vos do corpo ao assumir essa voz para se revelar aos homens de sensível, tal como o verbo se fez carne, assumindo-a para se manifestar aos sentidos dos homens, de modo sensível.


Assim Agostinho vai dando continuidade a essa parte final retomando outros aspectos já conhecidos nos livros anteriores como: as dessemelhanças entre ao dois verbos; a ciência de Deus e a nossa, o verbo humano na eterna bem-aventurança. Quanto a esse último aspecto diz que a natureza criada será sempre inferior com relação à natureza do Criador.


Na terceira parte continua refletindo sobre a caridade comum às três pessoas, dando ênfase ao Espírito Santo. Retoma dizendo que o Espírito Santo, conforme as Escrituras, não é somente o Espírito Pai, nem somente do Filho, mas de ambos. Assim, se alguma das Três Pessoas deve receber a denominação de caridade, essa deve ser o Espírito Santo, que é também denominado Dom de Deus, comunhão do Pai e do Filho, Caridade, Substância divina. Sobre isso encontramos diversas referências na Sagrada Escritura.


É necessário ter em conta que o Espírito Santo é Dom de Deus, enquanto é dado aos que é concedido. Na quarta parte, ele reflete sobre as processões divinas. Diz que deve-se evitar comparação entre imagem, criada pela mesma trindad

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