Todo o itinerário intelectual e espiritual de Santo Agostinho constitui um modelo válido para nós hoje na sua relação entre fé e razão. Sua sede de verdade era radical, buscando-a em muitos lugares. Não podia contentar-se com discursos filosóficos, com conceitos e hipóteses abstratas, mas sua mente e seu coração ansiavam chegar ao verdadeiro Deus, o Deus que dá a vida e que entra em nossa própria vida como um Alguém que quer relacionar-se conosco.
Fé e razão não devem separar-se nem contrapor-se, pois são duas realidades que se entrelaçam na vida de fé, pois se crê para compreender e se compreende para crer. Crer abre o caminho para cruzar a porta da verdade, mas também e de maneira inseparável, perscrutar a verdade é condição para poder encontrar a Deus e crer.
Blaise Pascal, um famoso filósofo francês do século XVII, afirma que o coração possui razões que a própria razão desconhece. Uma frase poética de fato, contudo, carregada de uma verdade profunda. Cada vez mais se reconhece o avanço e o crescimento das ciências humanas que revelam a realidade da qual somos feitos: de razão, emoções, sentimentos e afetos que neste complexo conjunto constituem a verdade do ser humano.
Se alguém absolutiza a verdade mediante apenas conceitos pré-elaborados, ou firma todas as suas certezas naquilo que pode ser palpável e medido, não desceu ainda nas profundezas do seu próprio interior. Negar a realidade do mistério é negar a Deus, mas, antes de tudo, a si mesmo. Tal negação acabará apontando para outro resultado. E negativo com negativo, meu caro, costuma dar positivo: Deus existe!
Larissa Fernandes Menegatti – Missionária Consagrada Arca da Aliança e Teóloga
Copyright © 2024 Comunidade Católica Arca da Aliança. Todos os direitos reservados.
Navegando no site você aceite a nossa política de privacidade.