Desafio na quarentena: demonstrar carinho sem tocar
A crise, o desafio, a mudança, criam condições favoráveis à criatividade. Em dias como esses fomos desafiados a nos cumprimentar de formas alternativas sem necessitarmos ter contato com alguém. Isso é um desafio para o padrão caloroso brasileiro de ser.
Parei pra pensar nesses dias onde também nós em comunidade que somos acostumados ao “abraço da paz”, diário, tivemos de renunciar a ele nas orações comunitárias. Percebi que muitas vezes abracei ou estendi a mão no automático, sem se quer olhar nos olhos do outro, e algumas vezes repetindo o abraço porque não prestei atenção em quem já abracei.
Nesses dias preciso olhar pra cada um, dar um sorriso e fazer desse gesto minha demonstração de ternura e acolhimento. Além disso, quando estou em minha escala de almoço, me esforço pra fazer o melhor possível com o que temos disponível no cardápio, colocando minha atenção e amor nessa atividade simples. Também tenho prestado mais atenção na dimensão do respeito e gentileza, na dimensão da gratidão, verbalizando mais o “obrigado” e “por favor”. Creio que o principal disso é nos tirar do automatismo nas nossas relações.
Precisamos por medidas de saúde estar fisicamente distantes de alguns, porém a distância não precisa nos tornar indiferentes a eles: principalmente os vulneráveis, pobres e velhos. Também por medidas de saúde alguns têm de estar mais próximos dos da sua casa, pais, mães e filhos na mesma casa, cuidemos, porém para não criar com a desculpa do home office, isolamento social dentro de casa.
Façamos da quarentena uma grande escola de comunhão, que se dá por presença, intimidade, e porque não um pouco de saudável distância.
Cristiane Liberato
Missionária Consagrada Arca da Aliança
Casa contemplativa
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