Família?? Que família?? Qual família??? O que é família???
Surge ainda outra pergunta que nos chama a atenção. Como estão organizadas as famílias de hoje?
Quando pensamos em família, nos vem logo a idéia da dita família tradicional formada por pai, mãe e filhos. Porém este modelo está se modificando rapidamente e temos encontrado outras formas de ser família. Olhando hoje de uma forma geral a organização familiar encontrou uma readequação junto à sociedade de acordo com as necessidades de cada um de seus membros.
Mais ou menos em meados do século XIX as famílias viviam um tanto quanto isoladas do convívio social, porém as casas eram grandes espaçosas para receber pessoas que não tinham laços de sangue para residirem juntos. Um grande número de pessoas morando na mesma casa impedia a aproximação afetiva entre pais e filhos. O homem assumia um papel de provedor, de chefe, a mulher se ocupava com os afazeres domésticos e com os cuidados dos filhos menores, uma vez que a quantidade de filhos era considerável. A partir daí as famílias começaram a ficar sufocadas e iniciou-se um processo de saída de suas casas para fazer contatos e alianças políticas, conspirações econômicas e disputas de poder. Eram exibidas as qualidades dos filhos visando encontrar um bom matrimônio pautado no acumulo de bens.
Com o passar do tempo as mulheres também foram percebendo que muitas decisões tomadas pelos homens dependiam delas até mesmo a carreira profissional de seus maridos. Passaram então a tomar espaço nas decisões, a reivindicar um cuidado e atenção diferenciada, inclusive para com as crianças fazendo com que aumentasse o interesse dos pais pelos filhos, dos maridos pelas mulheres e vice-versa. Os valores de certo e errado foram se modificando, o que era impedido a um, não era necessariamente a outro. A avaliação sobre o bem e o mal passou a variar de forma considerável. Com este movimento a família passou a ser vista como local de proteção e cuidado da infância.
Na falta de uma orientação de modo claro frente a tantas modificações em tão pouco tempo as famílias cada vez mais se sentiam desamparadas. Houve então a intervenção da medicina que segundo uma ordem científica superior, apresentava-se como necessários e indispensáveis um modelo de organização social, que regulamentava desde a forma de higiene pessoal até as maneiras de se construir as casas desfrutando assim mais proximidade com as famílias. A relação com as crianças também foi se modificando passaram a ser objeto de proteção e cuidado o que levou as famílias a produzirem membros com interesses direcionados ao crescimento econômico e financeiro, de filho-padre para filho-doutor, tal crescimento tinha uma relação direta com o poder. Toda esta transformação que foi se evidenciando até o final do século XX mostrava uma família organizada de várias formas não apenas aquelas constituídas por pai, mãe e filhos ou de casais unidos pelo matrimônio. Encontramos famílias monoparental, ou seja, formadas por mãe e filhos ou pai e filhos, avós, filhos e netos, casais de união estável tanto heterossexual como homossexual. O matrimônio deixa de ser essencial, não havendo limites para o descasamento e recasamento. Parece que estamos vivendo um mundo de desconstrução de valores. A família de hoje vive um constante desafio para encontrar o equilíbrio de valores aprendido na historia e os que necessariamente precisam ser desenvolvidos com todas as mudanças e quebra de paradigmas morais e culturais.
A evolução social e tecnológica sem limites aceleram cada vez mais o processo de mudança. A mulher já se encontra nas mais diversas áreas da sociedade e divide o mercado de trabalho com o homem, bem como os setores políticos e econômicos. A ciência ajudou a controlar sua capacidade de procriar, podendo decidir quando, como e com quem vai fazê-lo até mesmo procriar sozinha a chamada “produção independente”, formando outras formas de constituição familiar.
O fato é que vivemos um tempo em que precisamos ficar atentos, pois sempre haverá casos que escapam a nossa compreensão, desafiam nossos limites e possibilidades e nos incitam a estarmos revendo e reformulando nossa forma de intervenção e participação mesmo com os velhos conceitos de que dispomos precisamos aprender a lidar com aquela nova situação que nos é apresentada.
A família ainda é o único lugar em que continuaremos vivendo sem a expectativa de acertar, lugar onde nos permite sermos verdadeiros e autênticos para com nossos sentimentos e comportamentos. É na família que precisamos nos sentir seguros, protegidos é onde somos formados para seguirmos nossa missão e vocação.
Maria Lucia Lehm - Missionária Consagrada Arca da Aliança
Fonte: PUC-RIO- certificação digital n°0410561/ CA
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