Ele estava dentro de mim havia 8 semanas. Media um pouco mais que 1 centímetro. E meu corpo já experimentava uma enorme mudança. Ao fazer a primeira ecografia, meu esposo Rafael e eu estávamos apreensivos, mas ao ouvirmos em alto e bom tom o coração do nosso filho bater... reticências...sim, um sentimento infinito nos invadiu. Naquele momento entrelaçamos as mãos, cruzamos os olhares marejados de lágrimas e o sorriso escancarou a alegria em nossa alma. Deus havia nos agraciado com o dom da vida de nosso primeiro filho. Dizemos que ele é o primeiro porque nos unimos para formar uma família com a casa cheia de vida em todos os sentidos que a expressão carrega.
A maternidade é uma experiência tão humana e humanizadora, e ao mesmo tempo tão divina que a considero um caminho profundo de espiritualidade. Minha oração mudou, meu olhar sobre o mundo e as pessoas também passou a mudar. Passei a me sentir impactada por questões que antes não me afetavam como me afetam agora. Meu intelecto desenvolveu interesse por temas, que antes me eram distantes, e ressignifiquei muitas das minhas reflexões.
Lembro-me muito bem que passei os primeiros meses da gestação no período da Quaresma e da Páscoa com muito mal estar e aproveitava o tempo litúrgico para dar-lhes sentido. Enfim, não foram semanas fáceis para mim. No domingo de Ramos meu esposo trabalhava e fui participar da Missa no Mosteiro Trapista, em Campo do Tenente -PR, com um casal de amigos muito especial para nós. E me recordo da homilia de Dom Bernardo Bonowitz cuja reflexão me preparou para o parto. A narrativa do Evangelho dizia que no alto da Cruz Jesus soltou um brado e o véu do templo rasgou-se (Mc 15, 37-38). Dom Bernardo comparou essa cena a uma mulher em dores de parto, cujo corpo se abre para dar a vida. Parece ser o fim de tudo, mas é apenas o começo de uma vida nova, de uma nova criação.
Confesso que passei a desejar mais intensamente entrar em trabalho de parto, embora os médicos nos dissessem que isso era "quase" impossível no meu caso, por ser uma gravidez de risco. Ok. O bom senso me fez entender que o mais importante era a chegada do filho, independente por qual tipo de parto ele viesse. E procurei sossegar o coração, aguardando a data da cesárea agendada para o dia 29 de setembro, uma sexta-feira, dia dos Arcanjos. No domingo precedente tirei o dia para me preparar espiritualmente, já que no sábado me "deu a louca" de fazer faxina.
À noite, antes de deitar senti um incômodo, mas considerei normal da fase em que estava. Lá pelas quatro horas da manhã fui acordada por uma dor que vinha intensa e passava alternadamente. Enfim, eram as benditas contrações. Aguardamos em casa e algumas horas depois fomos à Maternidade, e, para a nossa surpresa, o encaminhamento para o parto foi às pressas, pois estava com oito para nove centímetros de dilatação. E pela graça de Deus nosso filho Tomás Gabriel nasceu de parto normal, bem e saudável. Espero poder relatar outros momentos sublimes de minha vida como esse que me marcou profundamente.
Larissa Fernandes Menegatti - consagrada missionária Arca da Aliança/Teóloga
Fonte: Interlegere
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