O sentido do Amor
Quero aqui fazer uma breve reflexão sobre o sentido do Amor, aquele que é capaz de fazer uma entrega de si, sem medidas, doação.
Para isso, é necessário refletir sobre nossa história, e como o Amor se fez presente no decorrer da nossa existência. É preciso trazer à realidade do nosso coração os momentos bons e não bons, percebendo que estava lá a presença viva e marcante do verdadeiro Amor.
O Amor de Deus por nós, que foi capaz de entregar seu próprio filho para morrer e nos salvar. Amor que se fez carne e se tornou pão, alimento para nossa alma, combustível para nossa existência, a presença Dele em tudo o que fazemos, vivemos e sentimos por que vai além da nossa compreensão. Se quisermos saber onde está Deus em nossa vida, precisamos parar e refletir todos os dias, porém não fazemos isso, não temos tempo. Só achamos tempo quando não conseguimos realizar algo muito importante ou quando queremos algo, geralmente material que nos interessa muito, a nível humano. Se pararmos para lembrar todas as vezes que nos debruçamos aos pés de Jesus para implorar Sua misericórdia, Sua compaixão nos momentos difíceis vividos durante a infância, adolescência, vamos perceber que sempre recebemos o que pedimos. E aí vem a pergunta: Para que lembrar que pedimos se tudo fomos nós que realizamos? É bem melhor acreditar que Jesus não tem nada a ver com isso!
A ciência explica que, para toda ação, existe uma reação, isto quer dizer que tudo o que acontece de bom e não muito bom, é porque nós também contribuímos para que isso aconteça, o mais difícil para o ser humano é amar acima de tudo.
É muito fácil e simples amar quem nos ama, o problema é amar quem nos ofende, oprime ou não nos valoriza da forma que gostaríamos.
Quando nos sentimos sozinhos, abandonados, incompreendidos pelas pessoas a nossa volta, procuramos e encontramos consolo em Jesus, no seu Sagrado Coração, que cuida e entende nossas necessidades. Como é que estamos vivendo e retribuindo esse amor que Deus nos dá, será que lembramos que muitas das situações vividas hoje foram pedidos feitos a tempos atrás? Como filhos, temos a tendência de esquecer o que os pais fazem por nós ou quando as coisas demoram para acontecer, sempre temos dúvidas. Será que foi Deus que demorou ou fomos nós que não paramos para ouví-Lo? Experimentar o amor de Deus é entrar em sintonia com Ele pelo único canal de comunicação puro e verdadeiro, a oração.
É pela oração diária que entramos em sintonia com o Deus que habita em nós, e porque habita em nós, também está no meio de nós em todas as partes, em todas as pessoas, sem se importar como elas sejam. Somos todos amados por Ele e acolhidos em Seu Sagrado Coração, por isso devemos amar a todos da mesma forma, o que nem sempre acontece.
Para que o nosso amor seja sem medidas precisamos lembrar da nossa história, da infância, como as coisas aconteciam. Não nos preocupávamos com tudo, como hoje, pois as responsabilidades eram dos adultos. Pensar na infância é trazer para a vida atual parte da despreocupação da criança, pois em muitas situações o sentimento de impotência é tão grande que se não nos colocarmos nas mãos do Pai, como vamos conseguir suportar tamanha dor. É preciso deixar Deus agir em nós como o Senhor da nossa vida. O ser humano é construído na sua essência por milhares de camadas, algumas delas são tão escuras que talvez jamais serão descobertas. A busca do EU verdadeiro passa pela via da oração que equilibra nossas emoções. São as emoções que proporcionam a força motriz para a tomada de decisão em qualquer momento da vida. Evoluímos, a medida em que aprendemos com os outros, saber por si só qual é a melhor coisa a fazer, está além da capacidade de uma única pessoa. Estamos desabituados a exercitar nossos pensamentos e com isto, abrimos espaços para preconceitos. Sendo assim, corremos o risco de cair nas armadilhas da manipulação sem sequer nos darmos conta disso. Temos que viver no mundo sem saber se estamos atravessando oceano em um barquinho de papel ou em vez disso, trancados em nós mesmos para nos defender de inseguranças e medos, feito de água e açúcar. Somente a fé em Deus pode nos levar a viver um otimismo real, trazendo para o mundo a verdadeira liberdade que nos cabe sem sofrer o desnecessário e nem ir além das nossas possibilidades.
Psicóloga Maria Lúcia Lehm
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