Entre todos os teatros que já participei, posso ter certeza que este foi o que mais me tocou.
Todos os desafios encarados quando participamos de um teatro, se fazem mais fáceis quando o nosso centro e objetivo é ser PRESENÇA DE DEUS é expressar o seu amor através do personagem.
O meu papel sempre é dança, cada coreografia, por mais repetitiva que seja, traz uma emoção diferente, um sentimento distinto. É algo que não se faz monótono (cansativo).
Já representei anjo, flageladora, tentação, alegria, dor, anunciação... É difícil para uma amadora saber controlar todas as expressões, tanto facial quanto corporal durante a coreografia, mas sempre Deus me surpreende de uma forma que, mesmo se for improvisado, parece que estou dançando no céu e me esqueço de qualquer preocupação, apenas danço.
Este ano sabia que Deus tinha algo preparado para mim. No teatro representei a tentação no horto e a dor de Jesus na flagelação, duas coisas completamente diferentes mas que me passaram a mesma mensagem: o amor de Deus por mim.
Na tentação fiquei cara a cara com Jesus, via nos seus olhos a dor, a angústia, o sofrimento e não parava de pensar que tudo isso foi por amor a mim. A respiração ofegante que ele apresentava, o seu coração, provavelmente pesado de medo, fez o meu coração acelerar e finalmente entender o verdadeiro significado da Cruz. Foi um minuto que realmente valeu a pena.
Depois de todo aquele momento, saí às pressas para me arrumar, pois tinha outra dança. Estava nervosa, porque não tinha preparado nada, teria que improvisar e a importância que tinha esse papel era grande. E então apenas disse seis palavras: “Vinde Espírito Santo, dance em mim!”; e quando eu entrei comecei a chorar porque toda dor que Ele passou na flagelação eu sentia, as suas chagas, o seu sofrimento foi algo muito real, as chicotadas, bofetadas, cusparadas, e Ele simplesmente acolheu e sentiu, é um sentimento que não consigo expressar em palavras, mas se tivesse a oportunidade de passar por ele de novo, passaria porque foi único.
Quando acabou me senti amada.
No final do teatro uma irmã de comunidade me disse que chorou durante o meu solo, que naquela coreografia, ela viu amor - eu me arrepiei toda e agradeci - e depois percebi que o único sentido da cruz é o amor, ao extremo!!
Maria Clara Monteiro Pagano
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