Simão Cirineu
Imagina um homem vindo do campo, cansado do trabalho, encontra com um aglomero de pessoas. No meio daquele alvoroço, um homem surrado e coroado de espinhos, um possível criminoso, um infligidor da lei e da ordem com uma cruz sobre os ombros. Que os romanos gostavam de dar seus espetáculos isso era um fato, volta e meia crucificavam alguém naquelas bandas para dar o exemplo. Mas desta vez é diferente, um soldado o requisita para que ele ajude ao malfeitor a carregar aquela madeira pesada e suja de sangue.
Imagina a reação de Simão, com certeza não gostou nenhum pouco de estar envolvido naquela situação. “impuseram lhe a cruz para levá-la atrás de Jesus” (cf Lc 23,26). Ninguém gostaria de fazer algo deste tipo. Que desaforo ser obrigado a carregar a cruz de um condenado! Imagina a indignação do mesmo. Ter de tocar naquele instrumento de morte e de vergonha.
Ou o contrário: Imagina agora que Simão fosse um homem que se solidarizasse com o sofrimento dos condenados e assumiu aquela imposição com amor e piedade já que eram homens desgraçados para serem condenados àquele destino vergonhoso e cruel.
O fato é que os evangelhos não narram os sentimentos interiores de Simão. Só sabemos que era um homem do campo, habitante de Cirene e pai de dois personagens segundo o evangelho de São Marcos “Era o Pai de Alexandre e Rufo” (Mc 15,21). E ao assumir aquela cruz a sua vida não foi a mesma. O que atesta essa mudança é a citação do nome de Rufo e sua mãe por São Paulo e pelas palavras dos apóstolos, eram pessoas muito próximas: “Saudai Rufo, este eleito do Senhor, e sua mãe, que também é minha” (Rm 16,13). O seu filho e sua esposa eram seguidores de Cristo, ou seja, sua família se tornara cristã.
Em Simão de Cirene, Jesus nos permite tocar o madeiro da nossa salvação e nos unir ao seu sofrimento. Ele nos desafia a jogarmos as redes do outro lado, a completar em nossa carne a sua paixão, a unir nossas dores a sua Cruz. É o convite do Senhor a sair do nosso egoísmo, e do nosso egocentrismo e participar de algo sublime: A salvação dos Homens. Convida-nos a perceber que não viemos do acaso e não voltaremos para o mesmo, somos filhos de um amor ousado que assumiu a nossa vergonha e nos livrou da morte eterna.
Deixemo-nos ser tocados pela cruz de Cristo e ajudemos a levá-la adiante para que outros conheçam seu poder salvador.
Bruno Donato Ferreira Neto
Missionário Consagrado Arca da Aliança
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