Às vezes enterramos capacidades, aprendizados, simplesmente porque damos voz a rótulos que são impostos sobre nós, e que acabamos tomando por verdades. Não raro, a pessoa responsável por nos rotular, tem a dimensão de que o comentário, declaração, ou até mesmo uma correção feita na hora, e da maneira errada, pode se tornar um obstáculo ao crescimento e desenvolvimento de outra pessoa.
Lembro-me que, em certa ocasião, uma professora do ensino fundamental chamou minha atenção na frente dos outros alunos por eu ter tirado nota 5 em uma prova de matemática , pois eu havia sido o primeiro a entregar a prova e, segundo ela, me gabei por isso. Eu me perdi em um raciocínio, e isso desencadeou uma série de erros, pois uma questão era interligada na outra. O fato é que a atitude da professora me causou uma enorme vergonha, não tanto pela nota, mas pela maneira com que eu fui exposto. Esse fato suscitou um desgosto pela matemática e um sentimento de que eu nunca aprenderia tal ciência.
É certo que eu nunca tive a pretensão de um matemático, todavia, muitos anos depois, em uma sessão de terapia, o assunto da “bronca” da professora veio a tona. Esse fato ainda se encontrava nos calabouços escondidos da minha mente. E eu pude perceber que em alguns momentos da minha vida eu “travei”, por conta desse trauma.
Hoje, ao estudar para um processo seletivo, tive a oportunidade de me deparar novamente com a minha velha adversária, e é interessante descobrir que, depois de tantos anos, os números acabaram me encantando. Eu sempre disse que era uma “negação” em matemática, e que meu negócio era humanas, mas será que isso é verdade? Ou será que a matemática é que é uma “negação” em mim? A negação, feita pelo garotinho da quarta série que ficou com vergonha de ser sempre ridicularizado por tirar uma nota baixa.
Quantos bloqueios existem dentro de nós. Bloqueios causados por feridas não sentidas, por choros não chorados, engolidos, por vergonhas paralisantes. Quantas oportunidades desperdiçadas por causa dos rótulos, rótulos muitas vezes colocados por nós mesmos, ou por nós assumidos.
Sempre é tempo de mudar, de aprender, de permitir-se. Permita-se tirar o rótulo, permita-se aprender. Permita-se, Permita-me, permito-me. Vamos nos permitir!
Rogério Krüger Junior – Missionário Consagrado Arca da Aliança
Fonte: blog do Rogério
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