Conhecer a si mesmo
“Conhecer realmente a si mesmo para chegar Àquele que nos é mais íntimo que nós mesmos.”
À luz desta frase de Agostinho, somos levados a ter um encontro com nossa interioridade e, consequentemente com o transcendente, que para nós cristãos, tem um nome, Deus.
Agostinho como homem inquieto pela busca de razões que fizessem sentido à sua vida, não hesitou em medir esforços para encontrar aquilo que denominava verdade. Uma verdade que estava condicionada a seu tempo e as suas percepções diante da cultura, da sociedade e da religiosidade de seu tempo. Incansavelmente, buscava justificativas, fatos, pretextos que tivessem coerência lógica para firmar seu projeto de vida. Entretanto, quanto mais buscava deparava-se com o desgaste da incerteza, da obscuridade, das respostas insatisfatórias.
Quanto mais procurava nos arredores, mais longe de seu interior permanecia. Embora tivesse uma concubina, amigos, prestígio social, nada disso o preenchia. Havia um espaço vacante. Ansiava por algo a mais, entretanto, deparava-se com o limite de sua condição humana. Os caminhos que havia trilhado, ao invés de dar um sentido à sua vida, ao contrário, só o esvaziaram.
Talvez, Agostinho, entrou numa crise existencial ou algo parecido. Precisava descobrir ou redescobrir quem era e suas aspirações mais profundas, que fizessem sentido ao que sua “alma” lhe convidava a viver. Fez a passagem da noite escura, onde se depara com o silêncio, solidão e a fragilidade da alma. Reencontra sua sensibilidade. É tocado pela Palavra!
Agostinho faz uma viagem em sua própria alma. Encontra seus limites, medos, egoísmos, suas pobrezas e fraquezas. Depara-se também com seus conflitos interiores, orgulho e humildade; amor e ódio; perdão e recusa; verdade e mentira; abertura e isolamento de si. Nesse turbilhão de sentimentos e pensamentos, se encontra. Encontra sua verdade! Reconhece suas qualidades e suas limitações. Percebe que há uma grandiosidade, um mistério que não consegue abarcar. Descobre-se como filho bem amado de Deus. Aceita o chamado a vida em plenitude! Deus o chama a viver um propósito com toda inteireza de seu ser.
Assim como Agostinho, eu e você já passamos ou ainda aprofundaremos esse encontro conosco. Nem sempre é fácil. As vezes se torna desgastante e exigente. Temos muitos modelos e ideais e, por ora, temos dificuldades em reconhecer o chão da nossa realidade existencial.
Com sua vida, Agostinho nos ensina que o caminho se faz com os pés no chão. Se você quer, um encontro e crescimento saudável, tanto humanamente como espiritualmente, é preciso sentir a temperatura, a textura, a superfície e a solidez da terra da sua personalidade. Esse conhecimento de quem você é te levará a conhecer Aquele que habita em ti.
Mikaela Tavares
Missionária Consagrada Arca da Aliança
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