Ah, essa tal de ansiedade!
Quando alguém traz o assunto “ansiedade” em uma conversa casual ou não, meu pensamento logo alcança o que Platão nos deixou em frase filosófica como legado: “Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”. E, enfatizo isto porque muitas vezes em uma ou algumas das grandes aventuras de nossas vidas como: andar de bicicleta, pedir alguém em namoro, falar em público ou até mesmo em uma entrevista para trabalho nos deparamos com certo desconforto, que se não estivermos no foco, poderemos até desistir acreditando e afirmando que esta oportunidade voltará a acontecer, e quem sabe isto não era para mim mesmo então vou tocar a vida, pois Deus quis assim mesmo.
Ah! Tolice nossa, um disfarce do inconsciente, estamos nos enganando e, se não cuidarmos acabaremos desistindo cada vez mais e mais de nossos sonhos a curto ou a longo prazo. Estar diante do novo é por demais assustador, mas sentirmos um pouquinho de ansiedade é até normal e saudável.
Mas o que é mesmo essa tal de ansiedade que de vez em quando pega no nosso pé mesmo? De acordo com Velasco, a ansiedade é um sentimento apreensivo e totalmente desagradável por diversas sensações orgânicas, e evidencia um sentido geral de perigo, alertando por algo a ser temido futuramente, possibilitando que o individuo lute contra essas ameaças. Ansiosos apresentam vários sintomas desagradáveis, entre eles, estão: aceleração do batimento cardíaco, compressão torácica, dor de cabeça, dores de estômago, falta de ar, suor intenso, inquietação e necessidade constante de movimentação (inquietação).
O grau de conceituação da ansiedade é proporcional ao perigo eminente, na comparação com o medo, e, na maioria das vezes, paralisa o individuo diante do perigo, respondendo às ameaças desconhecidas e originárias de conflitos externos.
Esta referência mencionada acima pode nos remeter até ao discípulo João que, certamente estava muito ansioso ao ver-se diante da cruz com a mãe de seu Salvador (Jesus Cristo) morto. Provavelmente sentiu muito medo, mas conseguiu dominar-se, reagiu e seguiu em frente. Porém, Pedro e os demais ficaram paralisados, não conseguiram um equilíbrio emocional diante dos acontecimentos e embora soubessem com clareza quem era o crucificado, preferiram negá-lo.
Entretanto apelar para a nossa fé quando estamos em alguma dificuldade é até louvável, pois reconhecemos que Deus está acima de nossas forças e possibilidades. Contam os descendentes de escravos aqui do Sul (Itapocú - Araquari) que antigamente quando seus antepassados escravos fugiam à noite de seus senhores, pediam por Nossa Senhora do Rosário que os guiasse na fuga, pois não poderiam levar lampiões para não serem descobertos pelos capatazes, e imediatamente surgia uma luz que abria um clarão na floresta densa e eles conseguiam chegar a salvo até os quilombos. E hoje em nossas necessidades, depositamos nossa fé em quem para que nos alivie de nossas ansiedades e incertezas?
Psicóloga Eliane Rafael
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