Algo que o ser humano não pode negar é que ele tem uma origem, uma casa interna que o acolheu, um ventre que o recebeu. Mesmo com todo o avanço da ciência e incansáveis buscas pela concepção da criação sem a participação da vida humana, ela não alcança sucesso e acredito que nunca irá alcançar, mesmo com os vários procedimentos já existentes, sempre está lá o sopro de vida, algo que não está ao nosso alcance.
Em um café de aniversário, um amigo teólogo me falava: “nos falta raiz”, aquilo ficou martelando dias em meu coração, porque dialogávamos sobre como hoje nos falta o reconhecimento, ou talvez seja até alguma falha na transmissão dos costumes, da vivência do ordinário, do ninho familiar, das tradições.
Passamos alguns anos da nossa vida, de forma especial na adolescência (algo normal), negando nossa história, encontrando só defeitos e criando um pensamento de que “lá fora tudo será melhor”. Caminhamos e, depois de algum tempo, com o alcance da fase adulta e principalmente com a chegada dos filhos, retornamos à beleza da infância, às histórias, reconstruímos emoções, reconhecemos a raiz.
Um ser humano sem memórias é um ser vazio, apagado, que perde o sentido da sua história. Precisamos de identificações peculiares; o tempero da comida, as músicas ouvidas, os sotaques, as crenças. Claro que iremos fazer novas escolhas e trilhar novos caminhos, mas o reconhecimento e contato com o que foi construindo nos mantém nutrido e fortificado para novos desafios.
Alguém que se muda para uma nova casa, que pode ser moderna, totalmente diferente do seu ambiente de criação, para se sentir instalado, ele deverá ter algo como referência de história (uma cuia de chimarrão no armário, um tempero mineiro, uma decoração afetiva). Caso contrário em algum momento ele se sentirá estrangeiro nesse local.
Somos feitos de gente, nossa hereditariedade existe, há uma força em nossas gerações. E mesmo que essa geração tenha sido a mais controvérsia possível, há identificações pessoais nela. Precisamos honrar os que vieram antes de nós e pensar: Que memórias estamos construindo hoje em nosso lar, com nossa família, o que estamos transmitindo? E caso estejamos passando por momentos de deserto, vale a pena olhar um pouco para trás, talvez seja preciso resgatar elementos pessoais: andar descalço, fazer uma receita antiga, ouvir uma música preferida, ver fotos, visitar sonhos antigos. Afinal, você tem raiz.
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.Priscila Schofer Duarte – Missionária Consagrada da Comunidade Arca da Aliança
Fonte: madrecitasconsultoria
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