Nossa Vocação – Presença de Deus
Nossa vocação brota do coração do Pai, quando Jesus no seio da Santíssima Trindade num ato de inteira comunhão e submissão se rendeu ao plano do Pai eterno quando disse: Eis que venho ó Deus para fazer a tua vontade. (Sl 39), ato este, que na nossa espiritualidade chamamos de “a grande decisão”, e se completa depois da sua Paixão, morte e ressurreição quando volta para o Pai de onde saiu, e o mesmo Pai o constitui Senhor e Rei de todas as coisas com o nome mais excelso e mais sublime muito acima de outro nome para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos e toda língua proclame para a glória de Deus Pai, Jesus Cristo é o Senhor (Fl 2,5).
Nosso itinerário de vida espiritual é o mesmo de Jesus, que renunciando a sua glória não levou em conta o ser igual em natureza a Deus Pai, mas esvaziou-se de si mesmo e se fez escravo, assemelhando-se a nós gerado no seio de Maria (Jo 1,14), se fazendo obediente até a morte e morte de cruz ( Fl 2,5-11).
Jesus é a “Presença de Deus” no mundo que veio para derrubar o muro da separação e da inimizade, entre Deus e o homem e dos homens entre si provocado pelo pecado.
Somos chamados a reparar pelo “coração obediente de Jesus” os pecados da humanidade e restaurar a partir de nós mesmos (com coração reconciliado) a aliança de amizade entre Deus e o homem, e dos homens entre si.
Só com um coração esvaziado de si mesmo e reconciliado, poderemos oferecer a Deus uma justa reparação pelos nossos pecados e pelos dos nossos irmãos, e restaurarmos assim a “Presença de Deus” no mundo danificada nos corações e nos ambientes colocando tudo e todas as coisas sob o senhorio de Jesus Rei e Senhor, Princípio e fim de todas as coisas. Este nosso estado de esvaziamento, “Kenosis”, deve gerar em nós um coração indiviso ao Dele no mais alto grau de íntima união e amizade como aquela sugerida por Ele mesmo em João 15, para sermos com Ele uma só coisa como Ele é com o Pai e seremos também entre nós um só coração e uma só alma (At 2), ou como aquela sugerida por Santo Agostinho que os irmãos unidos na fé e na caridade de Cristo formem um “monos” um único coração, modelo de uma fraternidade reparadora sinal da “presença de Deus” no mundo onde colocaremos tudo sob o Senhorio de Jesus e Ele será tudo em todos gerando assim uma unidade perfeita, fruto de uma fraternidade reparadora que é o princípio básico e fundamental para construirmos juntos a “civilização do amor”, o ideal da sonhada cidade de Deus de Santo Agostinho, cujo fundamento era os dois grandes amores, o amor a Deus e ao próximo, que se fundiam num único e grande amor.
Diácono Elias Dimas dos Santos
Fundador e Moderador Geral da Comunidade Arca da Aliança