O Padeiro e a Oração
No dia 8 de julho comemora-se o dia do padeiro, data esta atribuída ao milagre de Santa Isabel de Portugal, na ocasião Rainha Isabel de Aragão. Certa vez ela levava enrolados em seu avental alguns pães para os pobres. Ao ser abordada pelo então Rei Dom Diniz I, que desaprovava as doações que a rainha fazia, mesmo que de forma anônima, os pães se transformaram em rosas. Por este milagre tem-se Santa Isabel de Portugal como a padroeira dos padeiros.
Minha relação com este histórico ofício é bem intima e vem desde muito cedo, porém não de berço, pois não encontrei registros de outros padeiros em minha família. Na infância eu me maravilhava com os livros e cadernos de receitas da minha mãe, e já ali eu sabia o que iria ser quando crescesse, um padeiro. Por isso, a padaria (ou panificação, como queiram), não foi algo que simplesmente me apareceu. Foi um ofício que escolhi viver, mesmo sem saber ainda que na verdade era Deus que me escolhia através dele.
Nos anos em que minha esposa e eu moramos nas missões da Arca (Montes Claros-MG, Balneário Barra do Sul-SC, Blumenau-SC, Limpio-Paraguai e hoje em Laguna-SC), parte de minhas atividades sempre envolveram fazer e ensinar a fazer pães. Para mim, fazer pão é uma celebração de paciência e contemplação. Alimentar o levain, acordar de madrugada, os processos, ver a vida se despertando durante a fermentação das massas, o perfume da primeira fornada e, em tudo, aprender. São oportunidades que o próprio Deus me concede para sair do “apenas fazer” e realmente “ser” aquilo que está sendo desenvolvido. A Paternidade de Deus me chama a estudar muito, entender e interpretar. Ele me capacita com saúde e força para executar, mas principalmente, me mostra um amor escondido naquilo que faço, convertendo cada fornada, cada pão, em oração. Creio que o “Ora et Labora”, ou rezar e trabalhar, seja exatamente isso: converter o ofício, seja ele qual for, em oração de pleno agradecimento à Deus por Sua Providência em tudo.
Como é bom exercer nossos dons sob um olhar que nos ama e unir o nosso fazer ao querer de Deus, que em nenhum momento desvia o foco de nós.
Que o Senhor sempre nos permita executar nossas atividades e trabalhos com o mesmo carinho com que Ele nos transforma através deles, sem nunca nos esquecer que até no mais simples dos ofícios existe um Amor Escondido, mas que quer ser encontrado.
Deus abençoe a todos.
Fabiano Couto Rocha
Missionário Consagrado Arca da Aliança
Missão Laguna/SC
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