Vivemos em uma sociedade cada vez mais barulhenta, quase não conseguimos fazer alguma coisa sem estarmos ouvindo uma música ou assistindo a um vídeo. São raros os momentos em que nos permitimos o silêncio.
Além disso, estamos cada vez mais apressados, queremos sempre que as coisas aconteçam rápido, que nossos aparelhos funcionem rápido, assim como as ferramentas de pesquisas, que nem esperam que terminemos de escrever e já estão sugerindo respostas.
A novidade mais recente é a possibilidade de acelerar os áudios no aplicativo de mensagens. Não estou sendo hipócrita, eu mesmo já aguardava essa atualização, que na vida prática é muito bem-vinda. Porém o que eu quero trazer à reflexão hoje é sobre o diálogo presencial, no tête-à-tête.
Nós corremos o risco de querer que os nossos diálogos sejam iguais às nossas interações online, queremos respostas rápidas, aceleradas, às vezes nem deixamos outra pessoa terminar e já estamos completando as frases.
Relacionamento é muito mais do que praticidade, é muito mais do que barulho. Muitas vezes é silêncio, outras é apenas escuta, em outras será apenas um ombro para que o outro possa chorar, desabafar.
Em nossos namoros, em nosso casamento, precisamos entender isso, entender que não estamos nos relacionando com máquinas, que não somos um aparelho. Mas que somos seres humanos, e que nossa comunicação se dá por muitas maneiras, por gestos, por expressões, por meio de nosso corpo, e até mesmo no silêncio.
O livro do Eclesiastes no capítulo 3 nos ensina que para tudo há um tempo, inclusive “tempo para calar, e tempo para falar” (v. 7). Reparemos que o tempo de calar vem antes.
Por isso, se quisermos aprender a bem nos relacionar com as pessoas, lembremos dos antigos, dos ciclos da natureza, das esperas da vida. Tudo o que é natural leva tempo, é gestado, maturado.
Que aprendamos a ouvir, não interromper, esperar o outro terminar sua fala. Mostrar que entendemos o que foi dito, mostrar que nos importamos, que compreendemos a alegria, a indignação, a tristeza.
Sejamos mais empáticos. Acolhamos. Geralmente não é a opinião que está sendo pedida, mas sim o ouvido, que alguém ouça o desabafo, que acolha as lágrimas, que ofereça um lenço, um abraço, um colo. Que saibamos escutar, escutar é amar. É estar presente!
No começo pode parecer difícil, nós começamos a escutar e parece que já temos a resposta para todos os problemas do outro, parece que é tão simples o que ele ou ela deve fazer. Mas façamos o esforço de calar, de ouvir, balançar a cabeça afirmativamente, mostrar que estamos ali, está ouvindo.
Apenas isso. É o suficiente.
Rogério Kruger Junior
Missionário Consagrado Arca da Aliança
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