Dia 01 de novembro, o conhecido dia de Todos os Santos é dentro do calendário litúrgico da Igreja uma celebração que recorda aquela ordem dada por Deus a cada um de nós: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 2). O sonho de Deus para cada um de nós é exatamente esse, que sejamos santos, e foi para isso que fomos criados, para isso existimos, para sermos santos.
No entanto a santidade de alguma forma com o passar dos séculos acabou caindo no imaginário do povo como algo exclusivo para alguns, algo praticamente inalcançável, algo fora do comum. Fato é, sem dúvida, que temos alguns santos em nossa história que viveram algumas realidades fora do comum sim. Quando lemos ou assistimos filmes que contam a vida de São Francisco de Assis, São Padre Pio, Santa Teresa de Jesus, Santa Catarina de Sena, entre tantos outras santas e santos, ficamos admirados com tudo que Deus fez na vida deles e através de suas vidas de forma extraordinária, e acabamos reduzindo a santidade à apenas esses ainda poucos representantes que viveram conforme o chamado de Deus para suas vidas.
Para corrigir esse pensamento ainda reduzido de santidade que cultivamos por gerações, o Papa Francisco escreveu em 2018 uma exortação apostólica que nos ensina que a santidade está em não vivermos “uma vida medíocre, superficial e indecisa”[1].
A santidade nunca foi somente para aqueles que trilharam um caminho específico, como acontece com os que se decidem por “abandonar” o mundo para viver em um mosteiro, ou afastados em grutas e cavernas. Nosso fundador Diácono Elias certa vez nos disse: “a santidade hoje está muito democrática, está muito espalhada. Tenho certeza que na vida de um casal sofredor, com filhos, com lutas, a santidade reina tanto na vida deles como reina na vida de um celibatário, de um monge escondido numa gruta”[2]. Não que a santidade hoje esteja mais democrática, mas hoje em dia o reconhecimento dela está.
Quando pensamos em uma filha que deixou suas atividades profissionais para cuidar da saúde de sua mãe, acompanhando-a em suas dores e lutas, vivendo um amor gratuito, esta pessoa sem dúvida viveu em santidade.
E é esses Santos que queremos recordar no dia de Todos os Santos, aqueles que ainda não celebramos, seja por nosso desconhecimento seja pelo desconhecimento da própria Igreja, que sabe que são incontáveis o número dos santos e santas que estão na Glória de Deus intercedendo por nós, e que jamais serão levados às honra dos altares.
Nós como Arca podemos recordar neste dia nossa querida Maria Isolina, pois sabemos que ela é uma destas tantas santas que provavelmente não será elevada aos altares da Igreja, o que não diminui sua santidade.
“Daqui por diante será assim, queremos muitos santos. Santos com mais simplicidade, sem todo o trabalho jurídico e canônico, mas por reconhecimento e aclamação dos irmãos e do povo. Que venham outros santos e outras santas depois da Isolina e, como costumamos dizer, cuide porque você pode estar perto de um desses ou de uma dessas sem perceber”[3].
Seja hoje o santo pelo qual as pessoas te reconhecerão um dia.
Por fim, recordo a frase de León Bloy que o Papa Francisco usa para finalizar o primeiro capítulo da exortação Sobre a chamada à Santidade no Mundo Atual: na vida “existe apenas uma tristeza: a de não ser santo”[4].
Missionário e seminarista Ramon Frugoli.
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